Nos casamos no sábado da semana que vem (eeeee!!!), e, antes do casamento, resolvi fazer uns exames gerais pra ver se está tudo em ordem. Procurei uma ginecologista que pediu vááááários exames e marquei o retorno pra receber os resultados. Foi assim:
– Hummm, deu positivo pra toxoplasmose, vc já teve há algum tempo…
Eu, numa alegria por dentro, sentindo um mega alívio, pois ninguém vai me encher o saco, com a ladainha que tenho de me desfazer dos menininhos, quando a gente decidir ter filhos, já que sou, teoricamente, imune!
– Que bom! Assim fico mais tranquila, temos dois gatos!
– Hummm… – ela responde.
– Pode acontecer de o protozoário reagir e eu ter uma nova ocorrência?
– Há quem diga que pode acontecer… Mas eu sou da opinião de que gravidez e gatos não combinam…
….
Silêncio constrangedor. Ela encerra a consulta, me leva à porta e diz:
– Nos vemos em seis meses, então?
– Claro…
… que não, né, filha? Acha mesmo que eu vou voltar aqui pra, ao primeiro sinal de gravidez, vc mandar eu jogar o Chico e a Alice do outro lado do muro??? Vai esperando, bitch!
Não, não disse isso. Apenas dei um sorriso amarelo e sumi. Mas é óbvio que foi assim que pensei!
O que já li sobre toxoplasmose está bem resumido aqui:
– Apesar de gatos e outros felinos serem os hospedeiros definitivos (ou seja, somente neles haver a reprodução dos parasitos), menos de 1% da população felina participa da disseminação da doença
– o simples contato com o animal, com seu pelo, ou até mesmo com suas fezes “frescas” são insuficientes para levar a uma infecção por toxoplasmose- razão pela qual as infecções por contato direto com gatos excretando oocistos são extremamente improváveis.
– A via mais frequente da transmissão da toxoplasmose ocorre por meio da ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, ou ainda verduras mal lavadas, recém-colhidas em um pasto aberto. A infecção pela carne pode dar-se ainda pela manipulação da carne crua, ou contato com superfícies contaminadas de preparação de alimentos, facas e outros utensílios.
Eu já li de tudo sobre toxoplasmose na internet. Mesmo eu, que tenho a cabeça bem formada em relação a isso, fiquei super abalada com essa frase infeliz. Tive mil dúvidas e repassei “n” vezes como Alice e Chico poderiam ter me “contaminado”. Só voltei a mim, quando, conversando com uma amiga que tem pavor de gatos, contei do diagnóstico e disse que poderia ter sido dos gatos ou das carnes mal passadas que amo de paixão. Então, ela me deu um choque de realidade: vc teve a infância mais moleque que eu já conheci (fato, eu amava rolar na terra, brincar na areia e sentar na enxurrada)!
Imagino como fica a cabeça de uma grávida que topa com um médico como essa mulher no início de uma gestação, quando existe todo o receio dos três primeiros meses de gravidez. Como um profissional que deveria zelar pelo bem-estar de seus pacientes aterroriza-os dessa forma? É revoltante!