Esse fim de semana, uma amiga decidiu adotar o segundo gatinho. Ela já tinha o Mingau, um parrudinho branco lindo, com 5 meses, e adotou a Margarida, uma rajadinha, pitiquinha, de quase dois meses. O desespero da Vê pra fazer os dois se aceitarem me lembrou o meu desespero com Alice e Chico.
Desde o começo, Alice se mostrou insegura com barulhos e presenças de outros animais. Era ouvir um miado da rua e começar a rosnar. Cuspia pros gatos da clínica veterinária. Uma ferinha. Mas uma docilidade extrema com seres humanos, a gente pode pegar, virar de cabeça pra baixo, dar comprimido, pingar remédio em ouvido, e ela continua linda, montada e sem mostrar as garrinhas uma única vez.
Antes de adotarmos o Chico, li tudo o que é possível encontrar sobre adaptações entre felinos na internet. T-U-D-O. Já tinha na cabeça em que cômodo ficaria Chico, como estariam dispostos os potinhos de ração, caixas de areia. Uma tática de guerra montada em casa. Mas, quando aquele saquinho de ossos pretinho simplesmente se jogou do meu colo no chão, tudo foi por água abaixo. Ele olhou pra Alice, lembrou da mãe e correu pro abraço! Levou uma patada fenomenal e uma cuspidela de cinema.
Alice bufou, gritou e se escondeu no guarda-roupas, de onde não quis mais saber de sair nem pra comer, nem pra beber água, nem pra nada durante dois dias! Mordeu, arranhou, bufou, emburrou. Eu cheguei a pensar que ela era movida a rosnado. Por onde ela andava, ia rosnando, reclamando.
E ele, miava. Só sabia miar! No segundo dia, desisti de ser mãe! Eu chorava! Chorava pq ele chorava, chorava pq ela não comia, pq não bebia, pq nos odiava… Se eu chorava por um gato miando, meu Deus, o que eu serei capaz de fazer quando uma criança chorar desesperada?
Parte da estratégia, pegamos o Chico em véspera de feriado, no meio das minhas férias. Assim, no fim de semana José Carlos me ajudava e depois eu ficava com eles o dia todo. Eu acordei às 6h da manhã durante os três primeiros dias. Ia pra sala, abria pra Alice e ficava brincando com os dois. No terceiro dia, ela parou de bufar e ficou só no rosnado. E, pela primeira vez, demonstrou curiosidade. Daí pra começar a correr pela casa atrás do pequeno foi um pulo. Ainda patou o coitado mais uns dois ou três dias. Uma patada dela foi tão forte que o Chico virou cambalhota. Mordeu quando ele chegava perto demais por mais dois dias. No final de duas semanas eram os dois melhores amigos de infância.
Sei que fomos muito sortudos com o entrosamento dos dois. Li casos que demoraram meses e até anos pra se acertarem. A dica mais preciosa que tive foi: paciência! É preciso muita paciência. Além disso, no nosso caso, o que resolveu bem foi brincar bastante com os dois no mesmo ambiente. E, como estava de férias, aproveitei muito o momento indefeso de cada um (hora do soninho profundo) pra colocá-los bem pertinho um do outro. No fim, a insistência do Chico e a doçura da Alice falaram mais alto! E eu voltei a considerar a hipótese de ter filhos. Dois!
Quanto à Margarida e Mingau, em 24 horas já estavam assim trocando lambidas! Olha que fofura:

Acorda ele pra brincar de bolinha, tia?