Esse bonitinho aí em cima não é o Chico! Mas provou que de azar gato preto não tem nada. Na noite de quarta pra quinta eu e o Zé mal dormimos a noite toda ouvindo um miadinho insistente na rua. Na quinta cedinho, antes de ir pro trabalho, demos uma geral na rua pra ver se a gente achava o autor da cantoria, mas ele tinha desaparecido.
Na hora do almoço, olhei pela sacada e vi o bonitinho. Como ele estava no quintal da vizinha de frente, eu fiquei sossegada, mas desci pra ter certeza. Chamei na grade e ele veio todo ronronento e querido, com a coleira enroscada na patinha da frente. Soltei o pequeno, peguei no colo e toquei a campainha da vizinha pra me certificar de que ele era mesmo de lá, já que a mulher tinha uma gatona que a gente sempre ficava admirando. A mulher me atendeu pelo interfone, contou que a gata dela havia morrido há dois dias e que aquele pretinho tinha aparecido ali, mas não era dela e ela não tinha interesse nenhum em ficar com ele. A faxineira da casa vizinha apareceu, olhou com raiva pro gatinho e disse que ele já estava aprontando muito, que só fazia bagunça e que tinha acabado de matar uma pomba.
Não tive dúvidas, peguei o menininho, que deve ter entre 5 e 6 meses de idade, subi numa clínica perto de casa e deixei ele lá durante a tarde pra fazer exames (se eu tivesse de colocá-lo em casa, queria garantir que ele estava saudável pra não trazer nenhuma doença pros meus dois denguinhos, né?).
Mal trabalhei a tarde toda! Embora o pequenininho tivesse dado todas as mostras de ser um querido, não temos condições de mais um em casa. Alice só agora, sete meses depois da chegada do Chico, está voltando ao normal, imagina se colocarmos outro morador na casa? Sem contar que o espaço está ótimo pros dois, mais um inflaciona a situação! Mas o desespero maior: danadinho, porque você tinha de ser preto?? Pq não um siamês lindo de irresistíveis olhos azuis que todo mundo quer???
Passamos na clínica no final da tarde e o pretinho já tinha conquistado todo mundo! A secretária estava completamente apaixonada por ele, até os gatos que moram na clínica ficaram perto dele todo o tempo. Segundo a menina, o pretinho é tão educado que até pediu a caixa de areia pra se aliviar. Fala, gente, não é de morrer?!
Levamos o gatinho pra clínica de um amigo do Zé que se comprometeu a ficar com ele até a gente achar o dono (que provavelmente ele tem, já que estava de coleira) ou encontrasse uma nova casa pro bichinho. Caso isso não acontecesse logo, teríamos de ficar com ele. Isso foi perto das 18h.
Imprimimos uns cartazes com a foto dele e meu telefone e espalhamos pelo bairro. Fizemos isso das 18h30 às 20h. Deixei o celular em casa carregando. Subimos as escadas torcendo pra ter várias ligações perdidas. Tinha uma.
O número era da clínica do amigo do Zé, a ligação de uma hora depois que saímos de lá. Era a secretária, animadíssima (ela também se apaixonou completamente pelo pretinho simpático), uma senhora que já havia adotado um filhotão há uma semana, foi até a clínica comprar ração e simplesmente se apaixonou pelo nosso resgatinho! E decidiu ficar com ele pra fazer companhia pro novo morador da casa dela. E o melhor: uma mulher querida, que se preocupou com cada detalhe de ter um gato em casa e pertinho da clínica (monitoramento constante! Rs!). Eu disse que ela podia ficar com ele, com a consciência de que ele tem dono e que, se por um acaso esse dono aparecer, vai querê-lo. Me digam: gato preto é sinal de azar, gente???
Bônus do dia:
– Resgatar e achar uma boa casa pra um gatinho que chorou a noite toda, estava faminto e com sede, e conseguir alguém que o ame não tem preço
– Saindo da primeira clínica onde o deixamos à tarde, conhecemos uma moça que se prontificou a ajudar a divulgar. Conhecer gente que ainda se importa é um carinho
– A mãe do Chico, a linda da Malu, mora na clínica do amigo do Zé. Não a víamos desde que o adotamos. Encontrar aquela gatona linda e faladeira (já sabemos a quem o Chico saiu), agora gorda e bem tratada, nossa, que coisa deliciosa!
– No fim da noite, nosso gatinho da sorte trouxe com ele uma decisão judicial favorável que esperávamos desde o começo do ano. Gato preto, como dizem por aí, azar de quem não tem ou não encontra um!