Não é lindo quando dois cachorrinhos se encontram, empinam a bundinha pra trás e saem correndo como dois melhores amigos de infância?! Não podia ser assim com os bigodinhos? Ia ser lindo, mas quem tem gatos sabem que esses peludinhos são encrenqueiros, territorialistas e detestam invasores!
Quero dividir com quem passa por aqui como enfrentamos (eu e Alice, pq ela é sempre a que tem de se adaptar!) quatro adaptações. Pela internet encontramos muitas dicas. É sempre bom tentá-las e também ser atento aos próprios instintos.
1. Primeira adaptação: adulto x filhote
Quando Chico chegou, Alice já tinha mais de seis meses. Ele tinha dois. Planejamos deixá-los em cômodos diferentes, mas tudo deu errado. Ele pulou do meu colo direto pros braços e patadas da Alice. Ela emburrou dois ou três dias. bateu nele, na gente e ele chorou, chorou, chorou.
O que fizemos?
Brincamos muito com eles no mesmo ambiente, cada um uma brincadeira. Aos poucos ela se rendeu e começou a brincar com ele. Foram cinco dias até eles se suportarem.
Como eu estava de férias, quando ela dormia eu o colocava por perto pra ela se acostumar com o cheiro dele. Ela o adotou e viveram felizes pra sempre até o chico ferrar o joelho e ficar 20 dias fora.
2. Segunda adaptação: gatos adultos que já se conheciam
Depois de 20 dias fora, quando voltou, Chico foi recebido como um estranho pela Alice. Só de vê-lo pela fresta da porta, ela cuspia, silvava e se afastava.
Tática da comida – alimentá-los cada um de um lado da porta não funcionou, Alice preferiu ficar sem comer a dividir a comida com o cheiro do Chico.
Escovamos os dois com a mesma escova, Ajudou um pouco, mas não foi milagroso.
O que resolveu? O tempo e a insistência do Chico. Não podíamos brincar com ele, por causa do joelho. Ele mesmo foi persistente, apanhou, levou patada, mordida e em 30 dias estavam se suportando.
3, Terceira adaptação: gato adulto x gato adulto
No período em que Chico ficou internado pela segunda vez, trouxemos a Miúcha, de passagem. Agora eram as duas gatas se estranhando. Tanto Alice, quanto a Miúcha se estranhavam. Ameaçavam avançar, se abaixavam, curvavam as costas. Alice parecia um tóten plantado na porta do quarto vigiando cada movimento da Miúcha, tadinha!
O que fizemos? Mais uma vez, usei a tática de brincar com as duas no mesmo ambiente. Além de escová-las com a mesma escova, dessa vez usei a tática da essência de baunilha no lombo. O melhor relato do uso da baunilha está aqui (ri muito!). Mas, infelizmente, aqui em casa as duas ficaram cheirando pudim e só (faz quase um mês e Alice ainda cheira um pouquinho pudim!). Em duas semanas, elas deitavam a um metro uma da outra, mas qualquer movimento brusco desencadeava reações de brabeza. Em duas semanas, tivemos de isolar a Miúcha por causa da criptococose, mas acredito que em um mês elas conviveriam numa boa.
4. Quarta adaptação: gatos que se conheciam novamente
Nem eu acredito na rapidez com que a Alice aceitou o Chico de volta dessa vez. Foram menos de três dias pra ela voltar a tratá-lo como antes. Ele ficou 45 dias fora e eu já estava preparada para a terceira guerra mundial felina.
Como foi?
Antes de entrarmos com o Chico em casa, meu marido foi na frente, pegou Alice no colo e fez muitos carinhos (no gato que está na casa). Depois soltamos pra ela cheirar a caixa de transporte com o Chico dentro. Cheiro, cuspe, cheiro, cuspe de novo.
Na sexta-feira, ele ficou trancado no quarto. Ela ficou na dela, deu uma cuspidinha quando o viu pela fresta e só.
Dia seguinte, com o Chico solto, muitas brincadeiras com a Alice.
Petiscos para ambos quando conviviam sem tentar se matar.
Agora um fato que eu penso que seja determinante. Antes de deixar que eles tivessem contato um com o outro, escovei bem a Alice. Peguei a bolinha de pelo dela e esfreguei pelo corpo inteiro do Chico, principalmente bochechas e pescoço. Fiz o mesmo com a bola de pelo que saiu dele. Esfreguei sem dó na Alice, bochecha, pescoço e cangote, corpo inteiro, muito, mas muito mesmo.
Ele chegou na sexta à noite, quando foi segunda, já estavam dormindo juntos, banhos coletivos e brincadeiras como se nada tivesse acontecido. Tempo: dois dias e meio!
Acho que cada animal tem seu tempo. Adaptação entre gatos requer paciência e investimento de tempo. E, claro, paciência! Um detalhe que eu ouço sempre no programa do Jackson Galaxy: não deixar nunca que eles cheguem a brigar de verdade, senão pode ser muito mais difícil a adaptação.
Bom, quis dividir essa experiência, pois sei o quanto é desesperador ter gatos que não se toleram na casa. É de enlouquecer! Espero que nossa experiência ajude a quem passa por esse momento!